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Na terceira reportagem sobre o tema, os entrevistados são os professores Rosângela Gabriel e Rogério Leandro Lima da Silveira

Neste ano, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comemora 30 anos de Iniciação Científica. Nestas três décadas, diversas são as histórias e lutas para que a Universidade conquistasse o patamar de excelência. 

Na terceira reportagem sobre o tema, os entrevistados são a coordenadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Letras, Rosângela Gabriel, que foi pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação em 2013; e o professor do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional, Rogério Leandro Lima da Silveira, que foi pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão em 1998 e coordenador de Pesquisa de 1998 a 2002, 2006 a 2010, e Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação de 2010 a 2013.

Saudosa, a dupla lembra do 1º Seminário de Iniciação Científica. “Foi ali na sala 101. Era uma Mostra com 10 alunos apresentando, eram das 10 primeiras bolsas do CNPq. Na Unisc, até por volta de 1998, nós não tínhamos um programa institucional de Iniciação Científica. Nós tínhamos as monitorias de ensino com os alunos trabalhando na pesquisa e extensão, mas não tinha um regulamento específico”, contam.

Segundo eles, a grande queixa, muitas vezes, por parte dos alunos, era de que, em alguns casos, eles faziam, basicamente, atividades administrativas. “Com a obtenção das primeiras bolsas do CNPq, o próprio CNPq nos disse que para renovarmos as cotas e ampliarmos o número de bolsas, deveríamos instituir um Programa próprio de bolsas. Iniciamos a discussão naquela época, com o reitor Luiz Augusto Costa a Campis, de como poderíamos criar um programa de iniciação científica da Unisc. Foi aí que surgiu o Programa Unisc de Iniciação Científica, o PUIC, em que utilizamos parte do orçamento das monitorias e aplicamos no Programa.”

Logo depois surgiu o Programa de Bolsas da Extensão. “Foi a primeira vez que a Unisc instituiu propriamente um programa, definindo regras, edital, pois as bolsas eram concedidas por editais, as monitorias não eram. Então, os editais se tornaram públicos e os critérios de concessão transparentes. E as bolsas começaram a ser implementadas. Com isso o CNPq, a FAPERGS, os órgãos externos de fomento começaram a verificar que a Universidade estava fazendo o tema de casa, como a gente diz. E começaram, pouquinho a pouquinho, a ampliar essa cota de bolsas dessas instituições.” 

Eles lembram que a partir dos anos 2000 ocorreu uma progressão do número de bolsas em todas as áreas. “Foi uma construção coletiva. Discutimos no Conselho dos Departamentos, aprovamos no Conselho Universitário, passamos a ter um orçamento anual para o programa de bolsas. E logo depois, entre 2001 e 2002 criamos o Programa de Iniciação Científica Voluntária, que é quando o aluno não ganha a bolsa, mas ele quer trabalhar voluntariamente. Foi criada uma espécie de um regramento básico para proporcionar essa atuação do aluno. Também foi bem aceito e até hoje está em vigor.” 

Outro fato importante destacado por eles era de que antes as bolsas eram concedidas pela gestão superior e pelo conselho de departamentos. As demandas vinham e então se distribuíam as bolsas. “Quando criamos o PUIC, criamos junto o Comitê Assessor de Avaliação constituído por professores e pesquisadores de fora, de outras universidades, que vinham avaliar as nossas pesquisas e avaliar os pedidos de bolsa que nossos professores faziam, para ver se aquele professor que estava pedindo bolsa, de fato, aquele projeto merecia ter uma bolsa, se era um trabalho de iniciação científica que ele estava propondo ou era um trabalho administrativo.” 

E várias outras coisas foram acontecendo nos anos 2000. Foram criados grupos de pesquisa, através de um programa de estímulo a grupos de pesquisa, o Progrupe. E assim, foi se criando um ambiente de ciência, de produção de conhecimento. Inclusive, foi um momento importante para a origem dos Programas de Pós-Graduação que a Unisc passou a oferecer. “Muitos dos programas surgiram a partir dos grupos de pesquisa, nos quais os  alunos de iniciação científica sempre tiveram um papel importante. Então, podemos dizer que no começo dos anos 2000 houve uma ascensão do ambiente de pesquisa, é quando começa, de fato, a política de iniciação científica, a difusão dos grupos de pesquisa, o aumento do número de bolsas de iniciação científica.” 

Nesse período a Universidade já estava se constituindo. “Nós já éramos Unisc desde 1993. Começaram então a surgir cursos da área da saúde, porque nessas primeiras bolsas, lá de 1994, eram basicamente para alunos das licenciaturas, da economia, direito e administração. Nós não tínhamos ainda a área da saúde, não tínhamos as engenharias. Isso tudo vai vir só depois. Então, na medida em que a Universidade foi se constituindo, se consolidando, o número de bolsas também se ampliou, não só em quantidade, mas para o conjunto das áreas.”

Eles ressaltam que quando a Unisc torna-se Universidade tem-se um salto científico: Há um compromisso de investir, de reforçar e consolidar as dimensões da pesquisa e da extensão. “Costumamos falar, é um jargão, uma expressão que é bastante usada, que é o círculo virtuoso da pesquisa. E esse círculo tem alguns elementos, e um desses elementos é a Iniciação Científica, é a semente, digamos assim, do futuro pesquisador. O aluno começa a fazer a graduação e ali ele começa a se familiarizar com a pesquisa. E quando ele passa a ser bolsista de Iniciação Científica, ele começa a enxergar uma dimensão da universidade que talvez antes ele não tivesse essa consciência, que são os grupos de pesquisa, que são os protocolos, as rotinas de coleta de dados, as rotinas de análise desses dados, o estudo das pesquisas que foram anteriores a essa pesquisa que estamos fazendo e que, digamos assim, norteiam os protocolos de coleta de dados, que norteiam a análise, que norteiam a interpretação dos dados.” 

O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, o primeiro PPG, assim como os que surgiram posteriormente, foram crescendo, porque a Iniciação Científica foi crescendo. “E porque para atender essas pessoas que terminaram os seus cursos de graduação e não podiam mais ser bolsistas de Iniciação Científica, conseguimos constituir os mestrados, depois os doutorados, e hoje temos um número bem representativo de pós-doutorandos também, que estão integrados nesses grupos de pesquisa, que são quase como uma família. Cada grupo de pesquisa se constitui de diferentes expertise, e por isso que os grupos de pesquisa, são, digamos, nichos ideais para o desenvolvimento de futuros pesquisadores. E são os alicerces dos nossos programas de pós-graduação. É como se fosse uma roda que gira.”  

A dupla ainda lembra do início da criação dos prêmios de destaques da Iniciação Científica, por volta de 2008 e 2009. “Isso deu um estímulo também para os alunos se esmerarem no desenvolvimento e apresentação de seus trabalhos. Foi um momento importante também e que até hoje se mantém. A integração da pesquisa com as outras dimensões da extensão e do ensino, que antes era mais limitada, pois havia só o salão de iniciação científica, passou a se intensificar. E por volta de meados da década de 2000, começamos a integrar também o salão da extensão e o salão do ensino numa única grande atividade, sempre em outubro, mobilizando toda a universidade.”

Como dica aos futuros pesquisadores, os professores afirmam que o primeiro ingrediente de um bom bolsista de Iniciação Científica é a vontade. “Às vezes não conhecemos as palavras que as pessoas estão usando, não conhecemos os livros que as pessoas estão comentando, não conhecemos os autores. Então, a primeira coisa que podemos dizer é que todos nós somos capazes de aprender, nunca podemos sentir que não temos condições, porque todos nós podemos aprender. Depois, a segunda coisa é a curiosidade. O pesquisador não espera que alguém venha e ensine para ele, o pesquisador é a pessoa que vai pesquisar. Pesquisar é descobrir, é buscar respostas para os problemas que nos cercam.”

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Rogério Leandro Lima da Silveira e Rosângela Gabriel - Foto: Bruna Lovato/Unisc

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Na terceira reportagem sobre o tema, os entrevistados são os professores Rosângela Gabriel e Rogério Leandro Lima da Silveira

Neste ano, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comemora 30 anos de Iniciação Científica. Nestas três décadas, diversas são as histórias e lutas para que a Universidade conquistasse o patamar de excelência. 

Na terceira reportagem sobre o tema, os entrevistados são a coordenadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Letras, Rosângela Gabriel, que foi pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação em 2013; e o professor do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional, Rogério Leandro Lima da Silveira, que foi pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão em 1998 e coordenador de Pesquisa de 1998 a 2002, 2006 a 2010, e Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação de 2010 a 2013.

Saudosa, a dupla lembra do 1º Seminário de Iniciação Científica. “Foi ali na sala 101. Era uma Mostra com 10 alunos apresentando, eram das 10 primeiras bolsas do CNPq. Na Unisc, até por volta de 1998, nós não tínhamos um programa institucional de Iniciação Científica. Nós tínhamos as monitorias de ensino com os alunos trabalhando na pesquisa e extensão, mas não tinha um regulamento específico”, contam.

Segundo eles, a grande queixa, muitas vezes, por parte dos alunos, era de que, em alguns casos, eles faziam, basicamente, atividades administrativas. “Com a obtenção das primeiras bolsas do CNPq, o próprio CNPq nos disse que para renovarmos as cotas e ampliarmos o número de bolsas, deveríamos instituir um Programa próprio de bolsas. Iniciamos a discussão naquela época, com o reitor Luiz Augusto Costa a Campis, de como poderíamos criar um programa de iniciação científica da Unisc. Foi aí que surgiu o Programa Unisc de Iniciação Científica, o PUIC, em que utilizamos parte do orçamento das monitorias e aplicamos no Programa.”

Logo depois surgiu o Programa de Bolsas da Extensão. “Foi a primeira vez que a Unisc instituiu propriamente um programa, definindo regras, edital, pois as bolsas eram concedidas por editais, as monitorias não eram. Então, os editais se tornaram públicos e os critérios de concessão transparentes. E as bolsas começaram a ser implementadas. Com isso o CNPq, a FAPERGS, os órgãos externos de fomento começaram a verificar que a Universidade estava fazendo o tema de casa, como a gente diz. E começaram, pouquinho a pouquinho, a ampliar essa cota de bolsas dessas instituições.” 

Eles lembram que a partir dos anos 2000 ocorreu uma progressão do número de bolsas em todas as áreas. “Foi uma construção coletiva. Discutimos no Conselho dos Departamentos, aprovamos no Conselho Universitário, passamos a ter um orçamento anual para o programa de bolsas. E logo depois, entre 2001 e 2002 criamos o Programa de Iniciação Científica Voluntária, que é quando o aluno não ganha a bolsa, mas ele quer trabalhar voluntariamente. Foi criada uma espécie de um regramento básico para proporcionar essa atuação do aluno. Também foi bem aceito e até hoje está em vigor.” 

Outro fato importante destacado por eles era de que antes as bolsas eram concedidas pela gestão superior e pelo conselho de departamentos. As demandas vinham e então se distribuíam as bolsas. “Quando criamos o PUIC, criamos junto o Comitê Assessor de Avaliação constituído por professores e pesquisadores de fora, de outras universidades, que vinham avaliar as nossas pesquisas e avaliar os pedidos de bolsa que nossos professores faziam, para ver se aquele professor que estava pedindo bolsa, de fato, aquele projeto merecia ter uma bolsa, se era um trabalho de iniciação científica que ele estava propondo ou era um trabalho administrativo.” 

E várias outras coisas foram acontecendo nos anos 2000. Foram criados grupos de pesquisa, através de um programa de estímulo a grupos de pesquisa, o Progrupe. E assim, foi se criando um ambiente de ciência, de produção de conhecimento. Inclusive, foi um momento importante para a origem dos Programas de Pós-Graduação que a Unisc passou a oferecer. “Muitos dos programas surgiram a partir dos grupos de pesquisa, nos quais os  alunos de iniciação científica sempre tiveram um papel importante. Então, podemos dizer que no começo dos anos 2000 houve uma ascensão do ambiente de pesquisa, é quando começa, de fato, a política de iniciação científica, a difusão dos grupos de pesquisa, o aumento do número de bolsas de iniciação científica.” 

Nesse período a Universidade já estava se constituindo. “Nós já éramos Unisc desde 1993. Começaram então a surgir cursos da área da saúde, porque nessas primeiras bolsas, lá de 1994, eram basicamente para alunos das licenciaturas, da economia, direito e administração. Nós não tínhamos ainda a área da saúde, não tínhamos as engenharias. Isso tudo vai vir só depois. Então, na medida em que a Universidade foi se constituindo, se consolidando, o número de bolsas também se ampliou, não só em quantidade, mas para o conjunto das áreas.”

Eles ressaltam que quando a Unisc torna-se Universidade tem-se um salto científico: Há um compromisso de investir, de reforçar e consolidar as dimensões da pesquisa e da extensão. “Costumamos falar, é um jargão, uma expressão que é bastante usada, que é o círculo virtuoso da pesquisa. E esse círculo tem alguns elementos, e um desses elementos é a Iniciação Científica, é a semente, digamos assim, do futuro pesquisador. O aluno começa a fazer a graduação e ali ele começa a se familiarizar com a pesquisa. E quando ele passa a ser bolsista de Iniciação Científica, ele começa a enxergar uma dimensão da universidade que talvez antes ele não tivesse essa consciência, que são os grupos de pesquisa, que são os protocolos, as rotinas de coleta de dados, as rotinas de análise desses dados, o estudo das pesquisas que foram anteriores a essa pesquisa que estamos fazendo e que, digamos assim, norteiam os protocolos de coleta de dados, que norteiam a análise, que norteiam a interpretação dos dados.” 

O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, o primeiro PPG, assim como os que surgiram posteriormente, foram crescendo, porque a Iniciação Científica foi crescendo. “E porque para atender essas pessoas que terminaram os seus cursos de graduação e não podiam mais ser bolsistas de Iniciação Científica, conseguimos constituir os mestrados, depois os doutorados, e hoje temos um número bem representativo de pós-doutorandos também, que estão integrados nesses grupos de pesquisa, que são quase como uma família. Cada grupo de pesquisa se constitui de diferentes expertise, e por isso que os grupos de pesquisa, são, digamos, nichos ideais para o desenvolvimento de futuros pesquisadores. E são os alicerces dos nossos programas de pós-graduação. É como se fosse uma roda que gira.”  

A dupla ainda lembra do início da criação dos prêmios de destaques da Iniciação Científica, por volta de 2008 e 2009. “Isso deu um estímulo também para os alunos se esmerarem no desenvolvimento e apresentação de seus trabalhos. Foi um momento importante também e que até hoje se mantém. A integração da pesquisa com as outras dimensões da extensão e do ensino, que antes era mais limitada, pois havia só o salão de iniciação científica, passou a se intensificar. E por volta de meados da década de 2000, começamos a integrar também o salão da extensão e o salão do ensino numa única grande atividade, sempre em outubro, mobilizando toda a universidade.”

Como dica aos futuros pesquisadores, os professores afirmam que o primeiro ingrediente de um bom bolsista de Iniciação Científica é a vontade. “Às vezes não conhecemos as palavras que as pessoas estão usando, não conhecemos os livros que as pessoas estão comentando, não conhecemos os autores. Então, a primeira coisa que podemos dizer é que todos nós somos capazes de aprender, nunca podemos sentir que não temos condições, porque todos nós podemos aprender. Depois, a segunda coisa é a curiosidade. O pesquisador não espera que alguém venha e ensine para ele, o pesquisador é a pessoa que vai pesquisar. Pesquisar é descobrir, é buscar respostas para os problemas que nos cercam.”

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Rogério Leandro Lima da Silveira e Rosângela Gabriel - Foto: Bruna Lovato/Unisc

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