O artigo Medidas de distanciamento social como fator de proteção contra a Covid-19 no interior do Rio Grande do Sul, Brasil, de autoria de pesquisadores da Unisc e do Hospital Santa Cruz (HSC), foi publicado na edição número 45 da Revista Pan-Americana de Saúde Pública. O estudo teve como objetivo investigar a soroprevalência de SARS-CoV-2 na região do Vale do Rio Pardo e analisar a associação entre soroprevalência e adesão por parte da população às medidas de distanciamento social.
O trabalho foi desenvolvido pelos pesquisadores Ana Paula Helfer Schneider, do Departamento de Ciências da Vida da Unisc; Mari Ângela Gaedke, Janine Koepp, Éboni Marília Reuter, Lia Gonçalves Possuelo, Andréia Rosane de Moura Valim e Marcelo Carneiro, do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e Departamento de Ciências da Saúde; e Camilo Darsie, do Programa de Pós-Graduação em Educação e Departamento de Ciências, Humanidades e Educação da Universidade. Também contou com a participação do grupo de pesquisa Covid - Vale do Rio Pardo, composto por Jane Dagmar Pollo Renner, Adilson Ben da Costa, Renato Michel, Ingre Paz, Daiana Klein Weber Carissimi, Suzane Beatriz Frantz Krug, Eliane Carlosso Krummenauer, Rochele Mosmann de Menezes, Clauciane Zell, Bruna Rezende, Caroline Bertelli, Fernanda Iochimns e Léa Vargas.
O estudo transversal de base populacional compreendeu quatro etapas de coleta domiciliar de dados entre agosto e outubro de 2020. A soroprevalência foi avaliada utilizando teste rápido de anticorpos IgM e IgG. Foram coletados, ainda, dados demográficos, socioeconômicos, clínicos e comportamentais, com aplicação de um questionário de três perguntas sobre adesão a medidas de distanciamento social, com foco no nível de distanciamento social que o entrevistado conseguia praticar, rotina de atividades do entrevistado e circulação de pessoas na casa.
A associação entre os dados sociodemográficos e a prática de distanciamento social foi avaliada pelo teste do qui-quadrado para tendência linear e heterogeneidade de proporções. Já a associação entre o distanciamento social e a soroprevalência foi avaliada pela regressão de Poisson (intervalo de confiança de 95% [IC95%]; P < 0,05).
Dos 4.252 indivíduos testados e entrevistados, 11,8% não aderiram ao distanciamento social. A prevalência de teste rápido reagente (positivo) foi de
4,7% entre aqueles que não realizaram distanciamento social e de 1,9% entre aqueles que realizaram distanciamento social. As variáveis sexo masculino, faixa etária de 20 a 59 anos, ensino médio, renda familiar mensal de R$ 3.136,00 a R$ 6.270,00 e morar na zona urbana apresentaram associação com a não adesão ao distanciamento social. Conforme os pesquisadores, os resultados do estudo comprovam que a adesão a todas as medidas de distanciamento social foi fator de proteção contra a infecção de SARS-CoV-2. “Os dados demonstraram que quanto maior a adesão às medidas de distanciamento social, menor a soroprevalência de SARS-CoV-2”, apontam. “Ressaltamos, também, que a colaboração coletiva da população mediante participação em estudos que entregam resultados em tempo real aos governos locais é capaz de amenizar os impactos negativos em casos de emergência de saúde pública”, reforçam os pesquisadores nas considerações finais do artigo.
A pesquisa foi promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Unisc e pelo Grupo de Tecnologia, Ensino e Segurança do Paciente, coordenado pelo médico infectologista Marcelo Carneiro. O trabalho teve o apoio do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), da Unisc e da Philip Morris Brasil.