Carine Wendland atualmente está cursando doutorado/sanduíche no México, escutando povos indígenas da América Latina
A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carine Josiele Wendland, participou da 28ª sessão da Conferência das Partes (COP28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que ocorreu, recentemente, em Dubai. Atualmente, Carine cursa doutorado/sanduíche no México, escutando povos indígenas da América Latina pela pesquisa Interculturalidade, terra e educação: conversas com indígenas no Brasil e no México.
Carine esteve na COP 28 como delegada da Federação Luterana Mundial. Participou, presencialmente, na primeira semana do evento, com jovens delegados da Tanzânia, Quênia, Indonésia e Noruega. Para ela o momento foi importante. “Saber que as vozes dos mais vulneráveis, quando mais clamam, vão aos poucos sendo ouvidas, já que as alterações climáticas são uma questão de justiça intergeneracional, de gênero e também intercultural. Ainda assim, há muito a reivindicar e afirmar. Desde o nível local, regional e global, vejo que é urgente acelerar as energias renováveis a fim de acabar com os combustíveis fósseis em transição justa”, afirma.
Pra Carine, as alterações climáticas tem afetado desproporcionalmente os meios de subsistência dos mais vulneráveis em todo o mundo, especialmente daqueles que enfrentam várias formas de discriminação e marginalização, como as mulheres que vivem na pobreza, os jovens, as crianças, as pessoas com deficiência e os povos indígenas. “As alterações climáticas são uma questão de justiça. Esta COP28 foi essencial para aumentar a ambição de justiça climática. Mesmo que os resultados, embora tímidos, transparecem alguns compromissos de neutralidade carbónica, de financiamento aos países vulnerabilizados, os subsídios para eliminação dos combustíveis fósseis é ainda ineficiente, assim como a manutenção do fundo para ações de mitigação.”
Segundo ela, neste ano saiu o primeiro balanço global que avalia mudanças desde o Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas, adotado em 2015. “Demonstra que há grandes brechas que precisam ser repensadas, porque além dos discursos e bonitos textos que saem das COPs, as decisões precisam perpassar palavras escritas para ações concretas. E que as decisões sejam consistentes com a ciência e com a urgência”, complementa.
Antes da COP, Carine também participou da Semana do Clima da América Latina e Caribe, no Panamá, em outubro deste ano.